Mais um dos meu desabafos

0 Comments



Sera que fantasiei, ou esqueci tudo aquilo que vi quando minha irma teve o Arthur? Acredito que sim, conforme minha mae a gente esquece tudo aquilo de ruim que faz parte da maternidade, senao as maes nao teriam seus segundos, terceiros, quartos.... filhos. Entao eu, tola que era, imaginava  ou acreditei que bebês mamavam, dormiam, e claro, choravam, mas só às vezes.
Eu tinha pra mim, que bebês são quase como pequenos Budas, quase sempre calmos, tranquilos, serenos, sossegados. Não sei de onde veio essa concepção totalmente equivocada, mas só sei que meu filho veio para me deixar bem claro que tudo isso não passava de uma grande ilusão.
O Anthony é sossegadão (ou era) na maior parte do tempo, mas chora com convicção, e está longe de ser esse bebê plácido dos meus devaneios pré-maternidade.
Com a chegada do Anthony eu percebi que ser mãe é aceitação: é aceitar que meu filho é do jeito que é, e portanto diferente do ideal que eu tinha, é aceitar que ele não dorme como eu queria ou pensei que dormisse  é aceitar que nem sempre eu entendo o significado dos choros dele, é aceitar que ele chora sem motivo aparente às vezes, é aceitar que eu não posso privá-lo imediatemente dos incômodos que ele sente... Ser mãe do Anthony é aceitar, inclusive, que eu fico de saco cheio de fazer as mesmas tarefas repetitivas dia após dia, é aceitar que a minha vida foi reconfigurada com a chegada dele, e que um tempo só pra mim, ou só para o casal não é mais tão simples, é aceitar que o meu tempo, por enquanto, é o tempo dele...
E para aceitar esse tanto de coisa e outras mais, é preciso entrega.
E eu jamais experimentei tamanha entrega na minha vida, em nenhuma outra relação. Entregar-se é dar de si sem esperar nada em troca, é um passo no escuro, é esquecer de si por um tempo. E talvez, por isso mesmo, a entrega seja tão difícil. Mas como mãe, eu sinto que não tem outro jeito. O Anthony está aí, ele é real, e ele precisa de mim.
Quando se fala de maternidade por aí, se esquece de dizer que com o nascimento de um filho nasce uma outra mulher, um outro casal, uma outra vida. Nem melhor, nem pior, apenas uma outra vida, uma nova vida. Bom, pelo menos é assim que eu me senti e tenho me sentido.
E nessa nova vida, tem dias que eu sinto uma "angústia de não se entender, um tédio que a gente nem crê, anseio de tudo esquecer e voltar". Voltar para aquela velha vida na qual eu podia ficar a toa, conversar mais com meu marido, viajar mais com ele, receber amigos em casa e conversar madrugada adentro, acordar quando quisesse, cozinhar sem a pressão do tempo, assistir um filme até o fim...
Daí eu me lembro que apesar de ser mãe de fato, eu ainda estou me tornando mãe. Sim, porque no meu caso, o tornar-se mãe tem sido um processo. E esse processo de tornar-me mãe está sendo muito recompesador, e tem ajudado a me conhecer melhor, mesmo topando com muitas pedras no caminho.
É bem verdade que apesar da falta de liberdade, hoje eu me sinto muito mais Aline, a Aline como indivíduo, pessoa autônoma, do que há anos atrás. O que me leva a crer tudo há de melhorar. E melhorar independe do meu filho, se ele dorme ou não, se ele chora ou não... A melhora é minha. Afinal, o processo é meu.
E como nada nessa vida é uma via de mão única, a maternidade também traz muitas coisas boas, claro. Mas sobre elas eu falarei num outro momento.
Hoje, me desculpem, eu precisava desabafar.

0 comentários: