O passar do tempo – e o movimento feminista iniciado na década de 1970 –
trouxeram algumas mudanças no papel do pai. Os brasileiros que seguem o
modelo dos “pais suecos”,
por exemplo, provam que a criação dos filhos só pela mãe já não é mais
absoluta. Mas, assim como a maternidade, a paternidade também tem suas
características de adequação.
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“Ainda temos resquícios de uma educação que nos ensinou que a
responsável pelos filhos é a mãe”, diz a terapeuta familiar Quézia
Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia
(ABPp). Mas, aos poucos, eles começam a deixar o papel de provedor
exclusivo para serem participantes ativos na vida das crianças. “O
termômetro é a reunião de pais e mestres nas escolas. Já existe uma
participação muito maior dos pais hoje em dia”.
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A educadora Cris Poli,
também conhecida como a “Supernanny” brasileira e autora do livro “Pais
Responsáveis Educam Juntos” (Mundo Cristão), concorda com a importância
da participação dos pais na vida das crianças. Ela ressalta que, assim
como não existe uma mãe ideal, tampouco existe um modelo de pai. Mas
algumas dicas podem ajudar.
1. Participe ativamente – e com frequência
Participar só quando chega o boletim da escola não vale: é preciso se
aproximar do cotidiano da criança. “O pai deve participar como quem vai
dar o limite, quem vai estimular e elogiar, quem vai acompanhar a
criança”, diz Quézia Bombonatto. Segundo ela, cinco minutos por dia já
podem ser muito importantes para o desenvolvimento da relação de ambos.
Mas não adianta pegar apenas um dia do mês e, de alguma forma, tentar
“tirar o atraso”. A proximidade se constrói aos poucos e é importante
para a criança sentir que pode confiar no pai e que está sendo
valorizada. “É preciso, por exemplo, acompanhar o que está acontecendo
na escola, e não somente perguntar quais notas ela tirou”. Transformar
estes momentos em significado para a criança já é um bom começo.
2. Não confunda atenção afetiva com atenção material
Ao testemunhar um mau comportamento dos filhos, muitos pais se queixam
dizendo “Mas não está faltando nada para ele”. Não está faltando nada
mesmo? Carinho não pode ser trocado por presentes. “A presença é muito
importante”, diz Quézia. Se envolver com os filhos não se resume a levar
um chocolate no final do dia, ao voltar do trabalho.
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3. Seja carinhoso
Muitos pais confundem masculinidade com falta de afeto e evitam beijar e
abraçar a criança. Essa falta não pode ser excessiva: o pai pode e deve
mostrar o amor que sente pelo filho. Segundo Cris Poli, é preciso haver
uma interação física com a criança também durante as brincadeiras. Às
vezes o pai prefere não brincar de boneca com as filhas, por exemplo,
por ficar constrangido, mas é preciso se adaptar. E fazer brincadeiras
com interação mais pessoal – ficar somente no computador e no videogame
não é uma solução. A criança precisa de afeto.
4. Não seja autoritário, mas tenha autoridade
Muitos homens confundem autoritarismo com masculinidade e se tornam pais
que se impõe por meio do berro e da ameaça. Para o psicanalista Rubens
de Aguiar Maciel, especialista em desenvolvimento humano e paternidade,
os pais devem evitar a imposição de regra pela regra. “É muito
prejudicial as crianças serem obrigadas a fazer isso ou aquilo porque o
pai mandou, sem que haja alguma explicação maior”, diz. A autoridade
fica superficial, pois aquela ordem não faz nenhum sentido para a
criança.
Para Cris Poli, pais com perfil autoritário impedem a criança de
expressar sentimentos e pensamentos com facilidade, pois ela não se
sente respeitada. “Se um pai é autoritário e se impõe pela força e pelo
medo, acaba inibindo a criança. Ela pode crescer mais tímida e
introvertida, com dificuldade para se expressar”, diz. Limites devem ser construídos – e não impostos.
5. Não seja excessivamente permissivo
Na contramão dos pais autoritários estão os pais permissivos. Embora
afetuosos, eles não se dispõem a estabelecer limites para os filhos. E
terminam sendo ausentes. Segundo Cris Poli, os pais demasiadamente
permissivos deixam de se posicionar e preferem deixar o filho fazer tudo
o que quer. “É aquele pai que costuma dizer: ‘vê com a sua mãe’ e nunca
toma as decisões”, diz a “Supernanny”.
6. Se posicione como pai
Para Cris Poli, o erro mais recorrente dos pais é não tomar uma postura
em relação à educação dos filhos. “A ausência, a falta de posicionamento
e de autoridade são uma carência muito forte”, diz ela. Essa regra vale
não só para a hora de tomar decisões, mas também para os afazeres
miúdos e os cuidados do dia a dia, como o banho, a comida e as
brincadeiras. Até porque as modalidades de diversão e aprendizagem da
mãe costumam ser diferentes da do pai. “O lúdico é importante e deve vir
dos dois”, defende Quézia.
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7. Exija seu espaço
De acordo com a psicóloga Camila Guedes Henn, do Núcleo de Infância e
Família (NUDIF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a mãe
também deve dar espaço para a entrada do pai na vida dos filhos. “Às
vezes elas não acreditam muito na capacidade do pai de cuidar da
criança, e é algo que não pode acontecer”, diz. A figura masculina
também é importante e deve atuar em colaboração com a mãe, trocando
opiniões sem que um desautorize o outro.
8. Seja um bom cidadão
Um bom pai é também um bom marido e um bom cidadão. De acordo com o
psicanalista Rubens de Aguiar Maciel, todo o ambiente ao redor da
criança influencia na formação dela e a figura do pai também conta. Para
os filhos crescerem da melhor maneira possível, portanto, os pais devem
ser maduros emocionalmente. “O homem e a mulher precisam saber quais
são os próprios valores diante de uma sociedade que muitas vezes os leva
a conhecer pouco sobre si mesmos e a serem competitivos e consumistas”,
resume ele. “Para ser um bom pai é preciso procurar, antes, ser um bom
ser humano”, completa.
A sala de quem tem um filho pequeno, vira tudo inclusive um mini oficina
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